A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou um projeto de lei para proibir a publicidade de apostas on-line, na esperança de proteger as crianças dos danos do jogo.
Numa sessão extraordinária em 27 de novembro, a Câmara aprovou o projeto de lei federal por 139 votos a 36. Houve também 59 abstenções na votação na Argentina.
O projeto irá agora para o Senado, que levará em consideração as opiniões das partes interessadas, como os clubes de futebol argentinos, antes de decidir se o projeto será levado adiante.
O artigo 8.º do projeto de lei proíbe a publicidade, promoção e patrocínio de apostas on-line em todas as plataformas de comunicação. Isso inclui plataformas digitais como mídias sociais e espaços ao ar livre, como vias públicas.
Além disso, o Artigo 8 proíbe os operadores on-line de patrocinar equipas desportivas ou atletas. Isto também inclui a utilização do nome da empresa para identificar locais desportivos, como estádios ou centros de treino. A promoção de jogos de azar on-line na sinalização desses locais também seria proibida.
A publicidade de influenciadores seria restrita, juntamente com “depoimentos de atletas, pessoas famosas, figuras públicas ou personagens fictícios”.
Os bônus de boas-vindas serão banidos caso o projeto de lei entre em vigor. Além disso, as operadoras seriam obrigadas a exigir identificação facial biométrica dos usuários que possa “garantir de forma confiável a impossibilidade de acesso por menores”.
No entanto, o Artigo 9 determina que a publicidade ou promoção dentro das salas de jogos e locais autorizados de venda de loterias ainda será permitida. No entanto, esse advertising and marketing deve incluir uma secção de advertência que inclua a frase “o jogo compulsivo é prejudicial para si e para a sua família”.
Medos sobre apostas de menores na Argentina
A Argentina tem um quadro regulatório de apostas um tanto fragmentado, com províncias responsáveis pelos jogos de azar em seus territórios.
No entanto, o projeto de lei visa proteger crianças e adolescentes dos malefícios do jogo. Isto será feito através da introdução de um quadro mais centralizado para a regulamentação da publicidade.
A deputada Mónica Frade diz que o objectivo é proporcionar um “enquadramento nacional e para as províncias aderirem a esta norma”. Isto apresentará uma ferramenta para preencher o atual “vazio jurídico”.
A necessidade de tais mudanças foi delineada pela deputada Silvana Giudici. Ela afirmou que dos 14,6 milhões de usuários de plataformas de apostas na Argentina, 78% usam websites ilegais.
“É aí que devemos nos concentrar, no acesso por biometria para que os jovens não possam acessar, e no controle parental”, disse Giudici.
O projeto de lei que chega ao Senado pode ser visto como um passo na direção certa para a luta da Argentina contra o jogo excessivo entre menores de idade e o deputado Rogello Iparraguirre acredita que é um primeiro passo importante.
“Tem que ser uma oportunidade para discutir questões que adiamos, como o contexto em que surgiram as novas tecnologias e como elas impactaram as nossas vidas”, explicou Iparraguirre. “O vício do jogo sobrecarregou as crianças, mas é um problema da sociedade.”