JEDDAH, Arábia Saudita – No centro histórico de Jeddah, no coração antigo da cidade, há um campo de futebol. Não é muito: uma superfície irregular de astroturf e dois gols subdimensionados. Há holofotes e linhas brancas pintadas no chão, mas não há assentos para espectadores. Está cercado por muros em ruínas, edifícios semi-abandonados e algumas palmeiras. Isto é futebol, como sempre foi, em todo o lado.
Mas o jogo mudou. A Copa do Mundo FIFA de 2034 está chegando. Cristiano Ronaldo joga aqui na Saudi Professional League, assim como Karim Benzema, no Al Ittihad de Jeddah. E 32 quilômetros ao norte desse campo – uma hora de carro em um dia bom para o trânsito – há outro: dentro do Estádio Al Jawhara, com capacidade para 62 mil pessoas, na Cidade Esportiva King Abdullah, sede da Supercopa Espanhola de 2025.
Um campo de futebol em Jeddah. Mas não aquele onde foi disputado o Clássico desta noite. Artigo sobre a Supercopa que vem para @ESPNFC… pic.twitter.com/QNTSFRX9In
-Alex Kirkland (@alexkirkland) 12 de janeiro de 2025
Este torneio é realizado na Arábia Saudita desde 2020 – com um ano de folga devido à pandemia – alternando entre Jeddah e a capital, Riad. Sua última iteração coloca os dois primeiros colocados da LaLiga da temporada passada e os finalistas da Copa del Rey um contra o outro em uma “last 4”. Um contrato assinado até 2029 vale cerca de 40 milhões de euros por ano para a Federação Espanhola de Futebol (RFEF). Metade disso vai para os clubes.
Todos aqui, exceto os torcedores dos outros dois instances envolvidos, querem uma last entre Actual Madrid e Barcelona. É a razão de ser do torneio renovado: trazer um Clássico competitivo, com um troféu em jogo, para a Arábia Saudita, com toda a atenção – e lucro – que isso gera.
“Você vai ao jogo?” — perguntou um encarregado da bagagem no Aeroporto Internacional Rei Abdulaziz, em Jeddah, entusiasmado. “Espero que seja Actual Madrid x Barcelona. Seria uma bela last.”
E foi a terceira last consecutiva do Clássico Supercopa, depois da vitória do Barça por 3-1 em 2023 e da vitória do Actual Madrid por 4-1 em 2024. A vitória de domingo por 5-2 do Barcelona teve tudo. Sete gols. Uma penalidade. Um cartão vermelho. Estes jogos são inerentemente imprevisíveis, explicou o treinador do Actual Madrid, Carlo Ancelotti, um dia antes.
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“A qualidade prevalece”, disse Ancelotti. “Há tanta qualidade particular person que supera a colectiva, que está sobretudo na defesa”.
No last das contas, não foi um resumo ruim. Qualidade particular person? Para o Barcelona, isso significou Lamine Yamal, Raphinha e Robert Lewandowski. Pelo Actual Madrid: Kylian Mbappé, Jude Bellingham, Vinícius Júnior.
Defesa? Nem tanto.
As falhas de ambas as equipes só aumentaram o drama. O Barcelona teve duas oportunidades para marcar apenas nos primeiros cinco minutos, com Thibaut Courtois a defender um remate de Yamal e depois um cabeceamento de Raphinha. Mas menos de um minuto depois, o Actual Madrid avançou no contra-ataque, com Mbappé a correr desde o meio-campo, torcendo Alejandro Balde antes de rematar para o guarda-redes Wojciech Szczesny.
O primeiro Clássico de Mbappé, na LaLiga em Outubro, foi um fracasso: o Actual Madrid perdeu por 4-0 e Mbappé viveu uma mini-crise de fé, atingido um recorde oito vezes pela armadilha de impedimento implacavelmente apertada do Barcelona. Aqui, sua confiança period alta. O Actual Madrid disputou três finais esta temporada: a SuperTaça Europeia, a Taça Intercontinental da FIFA e a Supertaça de Espanha. Mbappé marcou em todos eles. Emblem ele estava evitando desafios, ao estilo Ronaldo Nazário, antes de ser derrubado, machucando o tornozelo.
Mas o domínio da posse de bola do Barcelona já period marcante, com 83% de posse de bola nos primeiros 20 minutos. E não demorou muito para que eles empatassem, um passe rápido terminando com Lewandowski jogando em Yamal, que fez o que faz – cortando para dentro, como Lionel Messi, e finalizando com o pé esquerdo, ultrapassando Courtois. Os gols continuaram chegando. Aos 35 minutos, pênalti para o Barça, concedido após verificação do VAR constatar que Eduardo Camavinga havia acertado Gavi com os tachas. Lewandowski marcou para fazer o 2-1.
Este já period exatamente o espetáculo que a federação e os sauditas queriam, os dois maiores clubes do mundo frente a frente. Mas então o Barcelona encontrou outra marcha e o Actual Madrid entrou em colapso.
“Eles marcaram os golos com facilidade”, disse Ancelotti depois. “Perdemos muitos duelos… Não preciso citar ninguém, estou falando de todo o time, não defendemos bem”.
Houve mais dois gols do Barcelona antes do intervalo, Raphinha cabeceando para Courtois e Balde marcando nos últimos nove minutos de acréscimo. Estava 4-1 e, no banco do Barcelona, os suplentes e a comissão técnica saltavam no ar em alegre comemoração. Ancelotti fez alterações, trazendo Dani Ceballos para o lugar de Camavinga – que havia recebido cartão amarelo – e Rodrygo deu esperança ao Actual Madrid, acertando a trave em posição de impedimento. Mas um minuto depois, Raphinha voltou a marcar. 5-1.
Os torcedores do Actual Madrid dentro do estádio ficaram em um silêncio atordoado. O Barcelona também mal conseguia acreditar no que estava acontecendo. O jogo acabou como uma competição, mas mesmo assim a ação continuou. Mbappé ultrapassou Szczesny e foi derrubado na entrada da área, o goleiro expulso, o Barça reduzido a ten homens. Rodrygo converteu a falta. Houve até tempo para Dani Olmo – cuja disponibilidade para o torneio estava em dúvida até que o Ministério do Esporte da Espanha (CSD) decidiu que ele deveria ser temporariamente registrado novamente como jogador do Barça – para jogar a última meia hora. Ao apito last, muitos adeptos madridistas já tinham saído dos seus lugares e rumavam para as saídas.
A vitória do Barcelona por 5-2 é emblemática de uma temporada definida até agora pela incerteza. O Barça parecia imparável desde o início, liderando a LaLiga; depois a sua forma desmoronou, à medida que o Madrid se encontrava lentamente e o Bellingham começou a marcar. Mas o Barça nem sempre foi mal jogado nas derrotas e o Madrid muitas vezes não convenceu na vitória. E neste momento, nenhuma das equipas está no topo da LaLiga, no meio da temporada: é o Atlético de Madrid, que venceu discretamente o Osasuna por 1-0 no campeonato no domingo.
O que acontecerá na segunda metade da temporada ninguém sabe, mas esta foi uma noite triunfante de renascimento para o Barcelona, o técnico Hansi Flick e seus jogadores, e um grande golpe para o Actual Madrid, que não perde muitas finais, certamente não sofrendo cinco metas.
E foi uma noite muito boa para a federação espanhola de futebol. Vender um produto como esse é fácil.
“Para nós [Saudis]o futebol pertence a dois países: Brasil e Espanha”, disse-me Fahad, motorista e segurança, antes do jogo. Supercopa, o Barcelona também.