A Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL) e o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) aconselharam seus associados a antecipar a proibição de jogos de azar com cartão de crédito. Todos os membros da IBJR concordaram em agilizar a proibição.
Publicada em abril, a Portaria Normativa nº 615 proibiu o uso de cartões de crédito, criptomoedas, dinheiro, boletos ou cheques para apostas quando o mercado authorized de apostas on-line do Brasil entrar em operação em 1º de janeiro de 2025.
No entanto, apenas as empresas já ativas no Brasil que solicitaram licença de apostas poderão continuar operando a partir de 1º de outubro.
Tanto a ANJL como a IBJR instaram os seus respectivos membros a apresentarem voluntariamente a proibição dos cartões de crédito após discussões com o Ministério das Finanças. Para a IBJR, que afirma que seus membros representam cerca de 70% do mercado de apostas no Brasil, a medida está alinhada com seu objetivo mais amplo de garantir um mercado de apostas seguro no país.
Notavelmente, a ANJL afirmou que quase todos os seus associados já retiraram os cartões de crédito como opção para os apostadores.
A proibição de crédito entrará em vigor a partir de 1 de janeiro de 2025, mas as respetivas associações levantaram preocupações sobre os danos financeiros sofridos pelos jogadores que apostam com cartão de crédito durante o período de transição entre 1 de outubro e 31 de dezembro.
“A IBJR acredita firmemente que a regulação é a forma mais eficiente e necessária de enfrentar esses desafios, garantindo a proteção dos consumidores e do Estado”, postou a IBJR no Linkedin.
“Como associação líder do setor, estamos totalmente preparados para contribuir com soluções que atendam tanto às preocupações do governo quanto às demandas da sociedade.”
Críticas crescentes ao setor de apostas do Brasil
A pressão sobre a indústria de jogos de azar do Brasil por parte de autoridades governamentais e do setor privado tem aumentado ultimamente, especialmente no que diz respeito aos impactos sociais e fiscais das apostas sobre membros vulneráveis da sociedade.
Antes do anúncio do prazo last de outubro, o presidente da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), Isaac Sidney, insistiu que a proibição deveria ocorrer mais cedo para proteger os jogadores o mais rápido possível.
Mas a ANJL sublinhou que esta pressão crescente não foi a razão pela qual aconselhou os seus membros a antecipar a proibição,
Ele também explicou que a grande maioria dos apostadores usa o provedor de pagamento instantâneo Pix em vez de cartões de crédito.
“Esta não é uma resposta às críticas de outros setores”, afirmou a ANJL num electronic mail partilhado com o iGB. “O pagamento com cartão já é quase inexistente no setor.
“Estamos reforçando uma prática que já é bastante utilizada pelas próprias operadoras, que é oferecer Pix aos jogadores. Mesmo assim, a ANJL entende que é benéfico para todas as partes que o cartão de crédito deixe de ser uma opção de uma vez por todas.”
Quão fashionable é o uso do cartão de crédito entre os apostadores brasileiros?
Existem crenças díspares sobre o quão comum é o uso de crédito para jogos de azar.
A ANJL estima que seja utilizado em menos de 3% do complete de apostas feitas nas plataformas de seus membros, enquanto o crédito reivindicado da IBJR representa aproximadamente 0,5% dos depósitos.
Na quinta-feira (26 de setembro), porém, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que os pagamentos de jogos digitais por meio de crédito eram responsáveis por 10% a 15% do complete de transações.
Campos Neto, porém, não tem certeza do percentual, dizendo em citações compartilhadas com a Folha: “Às vezes você pode fazer uma transação com cartão de crédito com carteira digital. E a carteira digital realiza a transação e o emissor do cartão de crédito não consegue ver qual compra está sendo realizada.
“Olhando apenas para o canal do cartão de crédito, nem sempre podemos ter certeza de que aquele canal de crédito, aquele cartão, não foi usado para comprar aquele merchandise.”
Como a ANJL e a IBJR estão suavizando as relações?
A publicação de dados recentes colocou lenha na fogueira em meio a preocupações de que a próxima regulamentação das apostas seja financeiramente prejudicial para o público brasileiro.
Uma pesquisa realizada pelo especialista em pesquisa de mercado Hibou sugeriu que 10% da população brasileira sofreu dificuldades financeiras devido ao jogo, enquanto os dados da Yield Sec sugeriram que os operadores legais poderiam cobrir apenas 9% do mercado complete de apostas on-line do Brasil.
A própria ANJL respondeu em carta aberta na semana passada, depois que um polêmico estudo da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) afirmou que 23% dos entrevistados estavam jogando fora dinheiro destinado a roupas, alimentos e medicamentos.
A ANJL respondeu com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrando que as despesas de consumo das famílias no país aumentaram 1,3% no segundo trimestre em relação ao trimestre anterior, com um aumento anual de 4,9%.
Então, na semana passada, 15 entidades dos setores de varejo e indústria no Brasil assinaram um manifesto, intitulado “Proposta para a Nação”, que pedia o aumento das regulamentações publicitárias e mudanças tributárias.
Em resposta, a ANJL reiterou sua dedicação a um mercado de apostas seguro e apelou a uma maior colaboração entre si, o governo e as principais indústrias do setor privado no Brasil.
A IBJR ecoou esses sentimentos, dizendo: “A IBJR está formalizando pedidos de reuniões com agências governamentais como o Ministério da Indústria e Comércio, o Banco Central, o Ministério da Saúde e o Ministério do Desenvolvimento Social para que possamos discutir de forma colaborativa medidas eficazes para mitigar os potenciais efeitos adversos das atividades de jogos e apostas no Brasil.”