Plínio Lemos Jorge, presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), aconselhou os operadores licenciados a usar publicidade clara para ajudar os jogadores a distinguir os websites regulamentados do mercado negro.
O Brasil está preparado para lançar seu mercado authorized de jogos de azar on-line em 1º de janeiro de 2025. Mas longos atrasos na jornada do Brasil para apostas regulamentadas levaram a uma proliferação de websites offshore nos últimos anos.
Em artigo de opinião para a Folha, Lemos Jorge disse que a publicidade é a melhor forma das operadoras aumentarem a canalização no mercado authorized. Ele apelou a uma “comunicação eficaz e clara” que mostre que o jogo é apenas para diversão e não como um meio sério de ganhar dinheiro.
“Só a publicidade pode fazer esta distinção. Caso contrário, os apostadores escolhem plataformas ilegais, que pagam melhores prémios porque não pagam impostos e não estão sujeitas a regras rígidas”, observou Lemos Jorge.
Como o Brasil regulamentará a publicidade de jogos de azar?
O governo publicou em julho sua Portaria Normativa nº 1.231 para fazer cumprir vários requisitos de jogo responsável, com foco specific no advertising. Obrigou os operadores a “agirem diligentemente”, não apresentando o jogo como “socialmente atraente”. Como resultado, o advertising de influenciadores foi proibido.
As regras provavelmente resultam de uma série de influenciadores sendo investigados por promoverem fortemente o slot Fortune Tiger com tema asiático por meio de seus canais de mídia social. Um esquema em torno da comercialização desta slot resultou na perda de dinheiro de muitos jovens jogadores.
A Portaria nº 1.231 também estabeleceu a proibição de advertising direcionado a menores, com toda publicidade de apostas obrigada a exibir o símbolo “18+”, bem como mensagens destacando os riscos do jogo.
Os patrocínios, que também se revelaram um tema controverso, devem identificar claramente os operadores e abster-se de apelar às crianças. Os logótipos dos operadores não devem ser apresentados em mercadorias ou artigos destinados à venda a crianças.
A regulamentação excessiva dos anúncios de jogos de azar poderia empurrar os jogadores para o mercado negro?
O governo disse em agosto que iniciou uma guerra contra o mercado de jogos ilegais, trabalhando com gigantes das redes sociais para impedir que websites de jogos ilegais anunciassem em seus websites.
Lemos Jorge levantou preocupações sobre as restrições publicitárias que impactam as taxas de canalização no mercado authorized.
Ele está preocupado que o excesso de regulamentação possa empurrar os jogadores para o mercado negro e aponta a Alemanha e a Itália como exemplos de regulamentações publicitárias rigorosas que levaram ao aumento da actividade no mercado negro. A Itália impôs uma proibição complete da publicidade a jogos de azar em janeiro de 2019, enquanto a Alemanha viu as restrições à publicidade aumentarem consideravelmente em junho de 2023.
“É hipócrita dizer ‘vamos impedir a publicidade de jogos de azar no Brasil’, pois tal proibição garantiria a operação apenas de jogos ilegais. E é esse o caminho que muitos setores têm defendido, seja por falta de informação, seja por interesses ocultos”, disse.
Lemos Jorge apontou para um estudo recente da Worldwide Betting Integrity Affiliation (IBIA) que destacou a importância de permitir anúncios de jogos de azar para aumentar as taxas de canalização, observando que o Brasil deveria considerar essas descobertas.
“O Brasil precisa seguir esse caminho”, acrescentou Lemos Jorge. “Não há como educar os apostadores sem uma publicidade adequada.
“Ocultar ou negar a existência de websites de apostas significa deixar milhões de apostadores no escuro. O único caminho a seguir é uma boa regulamentação, para que a quota correta do mercado se torne a maior parte dele.”