O Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) pediu ao governo brasileiro que repensasse a proibição do uso do Pix para apostas, pois a proibição não reduziria a dívida dos jogadores.
Com o lançamento do mercado de apostas legais no Brasil previsto para 1º de janeiro de 2025, funcionários do governo expressaram preocupações de que o jogo regulamentado possa aumentar os danos financeiros para jogadores vulneráveis.
Na última quarta-feira (25 de setembro), o deputado federal Luiz Carlos Hauly apresentou o projeto de lei PL 3717/2024 que proíbe o uso de pagamentos eletrônicos para jogos de azar, incluindo o widespread serviço de pagamento instantâneo Pix, controlado pelo Banco Central. A proibição não se aplicaria a entidades federais como o banco Caixa e seus licenciados em loterias.
O projeto de lei de Hauly ainda aguarda envio, mas a IBJR insta o governo a interromper o seu progresso, acreditando que poderá ter um impacto prejudicial sobre os apostadores que podem recorrer ao mercado negro em busca de métodos alternativos de jogo.
“Acreditamos que é necessário repensar as restrições propostas ao Pix, que foi concebido para reduzir os custos de transação”, disse a IBJR.
“Bloquear seu uso não parece ajudar no controle da dívida e pode, na verdade, beneficiar setores que cobram taxas mais elevadas, como as transferências TED, impondo custos desnecessários aos consumidores.”
Uso do Pix para apostas cresce no Brasil
Na semana passada, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, revelou que as transferências de apostas usando Pix no Brasil aumentaram 200% desde janeiro.
Já estão previstas restrições ao Pix para jogos de azar, com o governo anunciando que os pagamentos feitos por meio do serviço para operadoras não licenciadas serão bloqueados.
Em conferência organizada pela empresa de serviços financeiros Banco Safra, Campos Neto alertou sobre os potenciais impactos econômicos do aumento do uso do Pix.
Também foram apresentados na semana passada dois projetos de lei que buscam introduzir limites de gastos para grupos vulneráveis no Brasil. O senador Alessandro Vieira propôs o PL 3.718/2024, enquanto o PL 3.745/2024 está sendo liderado pelo deputado Elmar Nascimento.
O PL 3.718/2024 restringiria as apostas entre idosos, inscritos no cadastro de dívida ativa ou de proteção ao crédito, bem como famílias de baixa renda do programa de assistência social CadÚnico, do governo.
O PL 3.745/2024 limitaria os gastos com apostas a 15% da renda mensal, além de introduzir a proibição de jogos de azar entre 21h e 6h para quem está em risco de dependência.
Bolsa Família betting a priority
A IBJR expressou apoio à limitação das apostas entre aqueles que recebem assistência social e financeira, incluindo o programa governamental Bolsa Família.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse à CBN na semana passada que o governo pretende proibir o uso do cartão Bolsa Família para apostas.
A IBJR disse que seus membros, que respondem por aproximadamente 70% do mercado de apostas brasileiro, irão aderir a tais restrições.
“Também apoiamos totalmente qualquer iniciativa governamental para impedir o uso dos subsídios do Bolsa Família para jogos de azar”, acrescentou a IBJR.
“Nossos membros estão profundamente comprometidos em proteger grupos vulneráveis e menores, promovendo ativamente um ambiente de apostas seguro e regulamentado.”
A IBJR, ao lado da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), orientou seus associados a agilizar a proibição de cartões de crédito para apostas prevista na Portaria Normativa nº 615.
Todos os membros da IBJR concordaram em antecipar a proibição, que estava prevista para entrar em vigor a partir da information de entrada em operação do mercado, em 1º de janeiro.