Nenhuma votação foi realizada no projeto de lei para legalizar cassinos, bingo, jogo de bicho e apostas em corridas de cavalos no Brasil na quinta-feira (8 de agosto), embora o Senado tenha debatido preocupações como lavagem de dinheiro e dependência, bem como os benefícios econômicos da legalização.
O debate de ontem viu o Senado discutir o potencial impacto positivo dos cassinos legais no Brasil e de outras formas de jogos físicos.
Os senadores falaram dos benefícios económicos, como novas receitas fiscais e criação de empregos. As discussões também se voltaram para potenciais impactos negativos e como mitigar questões como o vício do jogo.
A Comissão de Justiça e Cidadania aprovou o PL 2.234/2022 em junho, sendo aprovado por 14 votos a 12. O próximo passo para a regulamentação dos cassinos brasileiros foi a votação no plenário do Senado após seu retorno do recesso em 1º de agosto.
No entanto, embora um debate tenha sido convocado para quinta-feira, os relatórios da CNN sugeriram que a votação poderia ser adiada até Outubro, após a primeira volta das eleições municipais, marcada para 6 de Outubro.
Cassinos no Brasil: O debate aconteceu, a votação não
O debate ocorreu conforme programado na quinta-feira. Mas, sem qualquer votação, ainda não está claro se essa votação será de facto adiada até Outubro ou se poderá ser realizada nas próximas semanas.
Ao discutir uma proposta que foi apresentada pela primeira vez à Câmara dos Deputados em 1991, críticos do jogo como Eduardo Girão apontaram aspectos como o potencial aumento do vício como uma das principais razões para não legalizar os casinos.
Senador levanta preocupações sobre dependência
Afirmando que o jogo “devasta completamente” a vida dos cidadãos, Girão destacou um estudo norte-americano do professor Earl Grinols que afirma que por cada dólar tributado sobre o jogo, outros 3 dólares são gastos pelo Estado em questões sociais causadas pelas apostas.
“Você sabe o que acontece com o suicídio em relação ao jogo?” Girão disse. “As taxas são 12 vezes maiores em pessoas viciadas em jogos de azar.
“O jogo é o grande ganhador de dinheiro. Cerca de 40% das receitas dos casinos provêm dos viciados em jogos de azar. Como eles vão desistir disso? Eles não vão.”
A senadora Damares Alves e o pastor Silas Malafaia concordaram com Girão sobre os receios sobre os níveis de dependência, embora ambos também tenham levantado preocupações sobre um potencial aumento do crime organizado e do branqueamento de capitais.
A regulamentação mitiga o potencial impacto negativo?
No entanto, o Senador Irajá respondeu às preocupações argumentando que elas foram levadas em consideração na elaboração da proposta.
A proibição do cartão de crédito, com pagamentos disponíveis apenas por Pix ou cartão de débito, é um passo dado. Haverá também uma regra para impedir empréstimos bancários para jogos de azar, a fim de minimizar os perigos dos danos do jogo.
Leonardo Henrique Benites de Prado, especialista em regulamentação de jogos e apostas, simpatizava com as preocupações com o vício.
No entanto, ele também defendeu a indústria sobre os seus esforços para combater tais questões com regulamentação.
“O vício do jogo afeta uma pequena parcela da sociedade”
“O problema do vício do jogo afeta uma pequena parcela da sociedade e não podemos restringir a liberdade da grande maioria porque teremos um problema com a minoria”, disse De Prado.
“Cerca de 12,5% das pessoas que consomem álcool são alcoólatras. Este número é muitas vezes superior ao problema do vício do jogo.”
Em resposta aos temores de lavagem de dinheiro, Irajá enfatizou que os pagamentos em dinheiro não serão permitidos, sendo obrigatório o monitoramento dos métodos de apostas digitais.
“Todo o processo é passível de auditoria, pois tem fundamento e pode ser acompanhado por órgãos de controle, como a Receita Federal, a Polícia Federal e todos os demais órgãos que desejarem, de alguma forma, estabelecer uma relação de transparência com o que está acontecendo nesse movimento financeiro”, explicou Irajá.
Benefícios econômicos dos cassinos no Brasil
Irajá também destacou os benefícios econômicos observados em outros países que legalizaram os jogos de azar.
Por exemplo, referiu-se ao G20, uma coligação das 20 maiores economias mundiais. Dessas 20 nações, apenas o Brasil e a Indonésia – um país de maioria muçulmana – ainda não legalizaram o jogo.
Os benefícios económicos surgem na forma de aumento do turismo. O secretário nacional de infraestrutura, crédito e investimentos do Ministério do Turismo, Carlos Henrique Sobral, espera que os cassinos legais no Brasil criem mais de 650 mil empregos e aumentem as receitas em BRL74 bilhões (£ 10,4 bilhões/€ 12,2 bilhões/US$ 13,3 bilhões).
Os hotéis também deverão lucrar com a legalização dos casinos. Uma alteração de Irajá permite que os hotéis incluam cassinos e salas de bingo.
O gerente de relações governamentais da Associação Brasileira de Promotores de Eventos (Abrape), Lucas Gabriel Barbosa, está muito ansioso para ver a mudança implementada e o projeto de lei aprovado.
“Gostaria de dizer que é essa garantia que trará todos os benefícios para a cadeia de eventos”, explicou Barbosa. “É essa garantia que traz o posicionamento favorável e o entusiasmo do setor de eventos brasileiro com a aprovação do Projeto de Lei 2.234.”
Mas quando os senadores votarão nos cassinos brasileiros?
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, está priorizando questões como impostos e dívida estadual em detrimento do projeto de lei do jogo.
Durante a sessão de debate, disse que o projeto de lei necessita de uma discussão mais aprofundada para analisar plenamente as vantagens e desvantagens da legalização dos casinos.
Pacheco disse: “Devemos avaliar cuidadosamente os benefícios potenciais, como a criação de empregos e receitas para o estado brasileiro, mas também os riscos e desafios, incluindo a prevenção da lavagem de dinheiro e o combate ao crime organizado, além do problema social e de saúde pública relacionado ao jogo vício.”
Isso sugere que haverá mais debate antes que o projeto seja votado. O cronograma de outubro pode em breve ser uma realidade.