Regis Dudena, chefe da Secretaria de Prêmios e Apostas (SPA), acredita que as regulamentações de apostas sufocarão o mercado negro no Brasil, pois o bloqueio de IP e Pix tornará o ambiente insustentável.
O Brasil iniciou sua nova period de apostas regulamentadas em 1º de janeiro, quando o mercado on-line authorized foi lançado e o SPA está supervisionando a aplicação do setor.
No entanto, o mercado negro continua a ser uma preocupação persistente no Brasil, especialmente para os operadores licenciados que pagaram uma pesada taxa de licença de 30 milhões de reais (3,9 milhões de libras/4,7 milhões de euros/4,8 milhões de dólares).
Até agora, o SPA concedeu licenças completas a 14 empresas, enquanto 52 aguardam aprovações finais.
Dudena continua confiante de que os regulamentos estabelecidos pelo SPA em 2024 serão eficazes no bloqueio de websites ilegais, tornando o ambiente financeiramente insustentável para os operadores do mercado negro.
“A tendência é que, com o tempo, os incentivos econômicos para operar ilegalmente no país diminuam cada vez mais”, disse Dudena à EXAME no dia 3 de janeiro. “Quando um apostador aposta em uma casa de apostas autorizada, ele tem muito mais garantias de que seus direitos serão preservados, que sua saúde psychological e financeira será protegida e, o mais importante, que receberá o prêmio caso ganhe.
“Já com as empresas ilegais o apostador expõe suas finanças, sua saúde psychological e não tem garantia de que receberá o prêmio. Então, o que acreditamos é que, com o tempo, operar ilegalmente se tornará cada vez menos viável, tanto pela atuação do regulador quanto pelos ajustes do mercado.”
É necessária ajuda do setor financeiro
O Brasil já introduziu uma série de medidas para restringir o mercado negro.
Por exemplo, serão bloqueadas transações realizadas by way of Pix para operadoras não licenciadas. Este é um widespread serviço de pagamento instantâneo native operado pelo Banco Central.
Além disso, o regulador de telecomunicações (Anatel) tem bloqueado o acesso a websites não licenciados identificados pelo SPA. Seu número atual de domínios bloqueados é superior a 5.200.
No entanto, em novembro, o presidente da Anatel, Carlos Baigorri, comparou os esforços da agência para bloquear websites a “limpar o gelo”, já que muitos websites criam rapidamente domínios espelho e contornam as medidas de bloqueio de IP. O órgão assinou em dezembro um acordo de cooperação com a SPA para aumentar as suas competências.
Na opinião de Dudena, os esforços de bloqueio de IP terão de ser “complementados” pela assistência do sector financeiro.
“Gostaria de poder dizer que em duas semanas não teremos websites não autorizados operando, mas sabemos que será um desafio constante”, explicou Dudena. “É provável que surjam novas empresas e precisaremos monitorá-las e supervisioná-las o tempo todo. O Banco Central também precisa atuar na área deles.”
Dudena: Proibição complete de apostas no Brasil não funcionaria
No closing de 2024, as preocupações com o impacto das apostas na saúde social e financeira dos brasileiros atingiram o pico e, em outubro, o senador Sérgio Petecão propôs o Projeto de Lei 4.031/2024, que buscava proibir as apostas on-line no Brasil. O projeto aguarda atualmente a nomeação de um relator.
Então, em novembro, o Supremo Tribunal Federal realizou uma audiência de dois dias para analisar um pedido que pedia que as leis de apostas nº 14.790/2023 e 13.756/2018 fossem consideradas inconstitucionais.
O mercado authorized foi lançado apesar desta pressão crescente e Dudena acredita que qualquer proibição serviria apenas para empurrar os jogadores de volta ao mercado negro.
“Não cabe à Secretaria dizer que o legislador não pode ou não deve tratar do assunto”, continuou Dudena. “O que podemos fazer como reguladores é estudar, monitorar e, se necessário, apontar tecnicamente o que funciona e o que não funciona.
“Com relação à proibição complete das apostas, nossa leitura é que uma proibição absoluta simplesmente empurraria a demanda para o mercado ilegal. Vimos isso acontecer em outros lugares e temos um histórico de que não funcionou.”
Como o SPA se adaptará ao mercado de apostas legais?
É improvável que o discurso sobre o impacto das apostas no Brasil se acalme e a conclusão da audiência do STF sobre se as leis de apostas são inconstitucionais é esperada para o primeiro semestre de 2025.
A SPA acompanhará o primeiro ano do mercado authorized antes de decidir se a regulamentação precisa ser alterada, com Dudena enfatizando a importância da flexibilidade.
“Imagino que, após o primeiro ano, teremos dados suficientes para avaliar o impacto das medidas e, se necessário, promover mudanças”, declarou Dudena. “Sempre tivemos clareza de que a regulação é algo que precisa ser monitorado. Não é algo estático, criado uma vez e que não pode ser alterado.
“A regulação precisa ser dinâmica, acompanhando o mercado e respondendo às suas necessidades de forma técnica e eficiente. Isto só será possível com paciência e com a utilização de dados concretos para apoiar qualquer decisão futura”, acrescentou.
Documentação insuficiente é motivo para solicitações de licença malsucedidas
Apenas as 113 empresas que solicitaram uma licença authorized de apostas até ao prazo inicial de 20 de agosto tiveram a garantia de ter os seus pedidos processados até à information de lançamento authorized no mercado.
As 52 empresas que receberam autorização provisória na primeira semana após o lançamento devem corrigir determinados problemas nas suas aplicações no prazo de 30 dias antes de receberem a licença completa.
Dudena revelou que alguns requerentes não forneceram toda a documentação exigida, dizendo: “Algumas destas empresas não foram aprovadas porque os seus pedidos de autorização eram deficientes.
“Por exemplo, dos 100 documentos exigidos, alguns apresentaram apenas 20. Quando notificados para concluir o processo, não forneceram os documentos necessários, pelo que os processos foram arquivados.”
Além disso, o SPA recusou alguns pedidos devido a preocupações com questões de idoneidade, evidenciadas através da colaboração com órgãos como a Polícia Federal e a Receita Federal.
A SPA está adotando uma abordagem cautelosa em relação ao licenciamento. Dudena acrescentou: “Se houver dúvidas legítimas, preferimos não conceder a autorização. Não somos obrigados a conceder autorização a ninguém.”