Dois novos projetos de lei no Brasil visam reduzir o vício e prevenir os danos do jogo, limitando o quanto os grupos vulneráveis podem apostar. Estes incluem os idosos e aqueles que recebem benefícios financeiros. Espera-se que o presidente Lula aborde essas medidas ainda esta semana.
Antes do lançamento do mercado de apostas licenciado em 1º de janeiro de 2025, vários funcionários do governo levantaram preocupações sobre os impactos sociais e fiscais prejudiciais que o jogo poderia ter sobre os brasileiros.
O PL 3.718/2024, apresentado pelo senador Alessandro Vieira, e o PL 3.745/2024 do deputado Elmar Nascimento, buscam limitar o quanto vários membros vulneráveis da sociedade podem jogar. Ambos os projetos foram apresentados no closing da semana passada, nos dias 26 e 27 de setembro.
O PL 3.718/2024 limitaria as apostas entre idosos, inscritos no cadastro de dívida ativa ou de proteção ao crédito e famílias de baixa renda no programa de assistência social CadÚnico, do governo.
Os limites de gastos seriam aplicados quando uma certa quantia de dinheiro fosse perdida nas apostas. Limites adicionais podem estar relacionados ao rendimento declarado de um jogador. Os jogadores também podem enfrentar uma proibição whole de transações de apostas.
O PL 3.745/2024 de Nascimento também busca limitar os gastos com apostas a 15% da renda mensal. Pretende também proibir as apostas entre as 21h00 e as 6h00 para aqueles que são considerados de “alto risco de dependência e distúrbios patológicos do jogo”.
Presidente Lula espera impor restrições às apostas esta semana
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará um anúncio esta semana sobre uma série de medidas que provavelmente aliviarão algumas das preocupações levantadas.
Entre os temas especulados no anúncio de Lula estão novas regulamentações em torno da publicidade e a restrição de apostas entre quem recebe dinheiro do Bolsa Família, programa de assistência social do governo.
Além disso, também há rumores de que Lula irá antecipar a proibição do uso de cartão de crédito para jogos de azar, que está prevista para entrar em vigor a partir da knowledge de lançamento das apostas legais, em janeiro.
Vale ressaltar que a ANJL e o Instituto Brasileiro de Jogo Responsável (IBJR) já aconselharam seus membros a agilizar a proibição do uso de crédito, com a IBJR alegando que todos os seus membros concordaram em fazê-lo.
Setor de jogos de azar no Brasil sob ataque
Os novos projetos de lei surgem em meio à crescente pressão de autoridades governamentais e de outros setores, especialmente do varejo. Vários estudos recentes sinalizaram as apostas como problemáticas no Brasil, com um realizado pela Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo (SBVC) sugerindo que os apostadores estavam jogando dinheiro necessário para roupas e cuidados de saúde.
Apesar do tamanho da amostra muito pequeno e dos resultados controversos, o estudo recebeu uma cobertura significativa da mídia e despertou preocupação entre os funcionários públicos.
Outro ponto importante de discórdia é o jogo ilegal. Dados recentes da Yield Sec indicaram que as operadoras onshore podem representar apenas 9% do mercado whole de jogos de azar on-line do Brasil.
Novo prazo de outubro
No início deste mês, o governo brasileiro anunciou que apenas as operadoras já ativas no país que solicitaram uma licença poderão continuar a operar a partir de 1º de outubro.
Os operadores ativos têm até às 23h59, hora native, desta noite (30 de setembro) para apresentar um pedido de licença para evitar serem bloqueados. Devem informar a secretaria de prémios e apostas (SPA), do Ministério das Finanças, quais as marcas que pretendem operar durante o período de transição de 1 de outubro a 31 de dezembro.
Os operadores que não cumpram esses requisitos devem dar aos jogadores um período de 10 dias para levantar fundos, antes de encerrarem as suas operações.
Eduardo Carvalhaes e Karen Coutinho, advogados do escritório de advocacia brasileiro Lefosse, acreditam que o prazo aliviará as preocupações entre as empresas que buscam uma licença, pois deverá livrar o mercado de operadores ilegais.
“A expectativa do mercado é que esta medida antecipe a remoção das empresas inadimplentes de 1º de janeiro de 2025 para 1º de outubro”, disseram Carvalhaes e Coutinho ao iGB.